terça-feira, maio 03, 2005

FC Porto B n'A Bola

O jornal A Bola dedica um elogioso artigo à boa ponta final do FC Porto B, bem como às estreias promissoras de alguns dos seus elementos no plantel principal. Uma entrevista a Domingos dá pistas sobre o trabalho que se faz na formação portista.
Numa época atípica para os dragões, há no FC Porto um projecto ganho. A equipa B, comandada por Domingos Paciência, estreante nas funções de treinador principal, forma craques para o futuro do futebol nacional, muitos deles a projectarem o seu valor em diferentes selecções jovens e três já com lugar na formação principal do clube. Paulo Machado, Ivanildo e, mais recentemente, Bruno Gama entraram para o quadro dos portistas utilizados na SuperLiga. E quem realmente sabe afirma a A BOLA que a fila de espera não é pequena..
Uma excelente forma de retratar o sucesso do FC Porto B nesta temporada é dizer que a equipa não sofre uma derrota há 11 jogos. O último desaire (1-0) do conjunto orientado por Domingos Paciência foi a 6 de Fevereiro, om o Fafe, ia o Campeonato Nacional da II Divisão B na 23.ª jornada. Seguiram-se nove vitórias (sete consecutivas) e dois empates, o segundo dos quais no sábado, frente aos bês do Sp. Braga, e todo este percurso ainda se decompõe num total de 29 pontos amealhados, 22 golos marcados e apenas sete sofridos.
Um trajecto assim faria as delícias de qualquer emblema da SuperLiga e, no caso da equipa secundária dos dragões, significou o equilibrar de contas depois uma primeira volta menos regular, mas também a consolidação de um projecto que se renova época a época. A equipa B do FC Porto não é uma fábrica de sonhos, mas sim uma escola onde se ensina a realidade do futebol profissional. Daí às oportunidades ao mais alto nível, só passa mesmo quem souber...
«Nesse aspecto esta equipa é rica em jogadores que poderão chegar longe no futebol. O Paulo Machado, o Ivanildo e o Bruno Gama foram os primeiros a saltar para a equipa principal do FC Porto e acredito que há outros que poderão seguir esse caminho ou agarrar uma oportunidade noutras equipas da SuperLiga. Não faltam internacionais neste plantel e isso já é um grande sintoma do valor dos futebolistas que tenho à minha responsabilidade», observa Domingos, a escolha da SAD azul e branca para orientar esta temporada a formação B.
«É o meu primeiro ano como treinador principal e, felizmente, posso dizer que as alegrias já são muitas, mas não me dou por satisfeito. O caminho para o êxito é a insatisfação. Por muitos triunfos e outras coisas boas que se obtenham, nunca devemos dizer que estamos realmente satisfeitos, porque podemos fazer sempre mais. Pensei assim enquanto jogador e mantenho esse princípio enquanto treinador. Além disso, esse é o espírito da equipa B, na qual há ambição e, acima de tudo, muito trabalho», vinca o ex-goleador dos dragões.

Um «professor» descansado

As equipas principal e B do FC Porto treinam-se no centro de estágio do Olival, muito próximas uma da outra. «Os metros que nos separam são, realmente, poucos, mas aos meus jogadores digo que há uma barreira de muitos quilómetros entre as duas equipas. Nesta altura, eles já têm bem presente essa noção, sabem que para chegar ao lado de lá é preciso dar o máximo no trabalho, saber interpretar o que é futebol profissional, para não falharem no dia em que tiverem uma oportunidade a esse nível, seja na equipa A do FC Porto ou no plantel principal de outro clube», explica Domingos.
O treinador completa o raciocínio: «Costumo dizer que os jogadores destas idades, entre os 17 e os 20 anos, atravessam a fase mais complicada de toda a formação, porque estão mesmo muito perto de poder ser futebolistas profissionais. Tão ou mais importante que todo o trabalho físico, é a preparação psicológica dos atletas, e uma boa preparação mental passa por lhe ensinar a realidade. O futebolista quer-se ambicioso, para que se sinta sempre insatisfeito e possa ganhar sempre mais, mas há que perceber a diferença entre ambição e o sonhar demasiado alto. Quem sonha em demasia e esquece a importância de conceitos como a humildade, a dedicação e o trabalho, dificilmente terá estrutura mental para vingar ao mais alto nível.»
Nesse aspecto, Domingos Paciência é um professor descansado e não dúvida de que os seus bês são maiúsculos: «Sei que o Paulo Machado, o Ivanildo e o Bruno Gama, que têm trabalhado regularmente com a equipa principal, não se sentem superiores pela oportunidade que tiveram. Como também tenho a certeza de que os que aguardam por essa mesma oportunidade, e acredito que ela vai chegar para vários jogadores do meu plantel, sabem bem o que os espera do outro lado. Sinto que tenho muita qualidade na minha equipa, quer em termos técnicos quer em termos de estrutura mental.»