segunda-feira, março 26, 2007

Castro: promovido à semana faz horas extra nos juniores

TOMAZ ANDRADE


Esta reportagem talvez seja o primeiro reflexo da subida de Castro ao plantel principal do FC Porto. Há pouco mais de uma semana, o médio era praticamente desconhecido para os adeptos portistas e é bem provável que pouca coisa tenha mudado desde aí, mas a partir do momento em que Jesualdo Ferreira, em sintonia com Luís Castro, o director técnico da formação do clube, decidiu incluí-lo no plantel principal dos campeões nacionais, a perspectiva do anonimato começou a inverter a tendência. Os olhos concentraram-se ontem na camisola 8 do FC Porto no jogo de Juniores A, com o Leixões, numa prova inequívoca de destaque. Resultado da partida: o FC Porto ganhou por 3-0, mantendo-se confortavelmente na liderança.

A página oficial do clube na internet refere que Castro é médio-defensivo. Ontem jogou como médio interior, sobre a direita, mostrando argumentos claros de uma qualidade insuspeita. Quase a completar 19 anos, a primeira coisa que salta à vista em Castro é a condição física. Não por ser alto, mas por somar quilómetros como se de metros se tratasse, não dando sinais de desgaste. Bem ao estilo do ídolo: Maniche. Essa postura permite-lhe um bom posicionamento em campo, detalhe crucial no jogo defensivo da equipa, sem lhe anular a capacidade de aparecer em zonas de ataque. Depois, vem a parte melhor: quase todo o jogo passa pelos seus pés, seja com passes simples e de transição rápida ou através de passes longos. Optou, em doses idênticas, pelas duas coisas, o que só o favorece. Último pequeno grande detalhe: Castro tem um pontapé forte e ontem aplicou-o uma vez, com um remate de fora da área que o guarda-redes leixonense segurou a custo. Promete.

Como jogou o FC Porto

Liberdade para actuar em todos os sistemas


O FC Porto recebeu o Leixões no mini-estádio do Olival armado num 4-3-3, que é a base táctica preferida de Jesualdo Ferreira. No entanto, não há uma indicação superior acerca do modelo táctico a adoptar nos escalões de formação, neste caso, nos Juniores A. A ideia é que os jogadores de base do FC Porto consigam jogar em todos os estilos de jogo, porque é essa a tendência do futebol moderno. Veja-se o que aconteceu com o Chelsea no Dragão, quando Mourinho começou em 4-4-2, passou para o 4-3-3 e voltou ao esquema inicial. Ontem os juniores portistas jogaram com uma defesa clássica de quatro unidades, um médio-defensivo (Fabinho), dois médios interiores (Castro e Rui Pedro), e um tridente ofensivo.

Mais valores à espreita

TOMAZ ANDRADE


O jogo de ontem dos Juniores A não mostrou apenas Castro. Há muitos jogadores com qualidade e em breve Jesualdo poderá contar com mais valores, naquilo que é uma aposta clara na formação. Luís Castro, ex-treinador do Penafiel, é o rosto coordenador de toda a estratégia dos escalões de base, fazendo a ponte entre as várias equipas e o plantel principal. Os resultados começam a surgir.

Por muito dinheiro que custe, a ideia essencial é formar jogadores à Porto, que será um misto de agressividade q.b., bom posicionamento em campo, com transições fortes de jogo e um espírito de sacrifício grande. Com estes condimentos o futuro estará assegurado. Claro que a ideia nem sempre resulta na prática e carece de muito trabalho, mas pelo que se viu ontem o caminho está a ser percorrido. Ventura é um guarda-redes seguro e Bura um central alto que deve ser explorado. Rui Pedro é um dez cheio de técnica e apetite pelos golos, e Candeias um extremo-direito que desequilibra.

Ventura

Classe e segurança


Ventura é um guarda-redes que começou a treinar com o plantel principal do FC Porto há cerca de um mês, embora jogue aos fins-de-semana pelos juniores para se manter em competição e com o objectivo de evoluir. Ontem não teve muito trabalho porque o Leixões foi macio no ataque, embora tenha respondido com eficácia quando colocado à prova. Um remate de um leixonense foi parado com classe. Demonstrou concentração, algo essencial num guarda-redes, e com isso saiu da área algumas vezes para jogar com os pés. Mas numa delas, o central Bura ficou a queixar-se de falta de comunicação, precisamente um dos pontos a rever em Ventura.

Rui Pedro

Magia nos pés


Por ter a camisola 10, Rui Pedro foi o primeiro a captar a atenção dos adeptos presentes no Olival, porque o futebol é mais bonito se for bem jogado. E Rui Pedro joga-o bem, com a cabeça levantada e com um pé esquerdo que trata a bola com carinho. Jogou no meio-campo na companhia de Fábio e Castro, mas com liberdade para aparecer mais à frente. E tanto apareceu que marcou dois golos. O primeiro de cabeça, após um canto de Ukra (é português, apesar do nome esquisito), e o segundo num aproveitamento eficiente de uma defesa incompleta do guarda-redes do Leixões. Mas foi a criar jogo que Rui Pedro mais deu nas vistas. Fez bons passes e, quando isso não resultava, pegou na bola e foi sozinho em direcção da baliza contrária. Já participou nos treinos da equipa principal

Valores emergentes

Bura


É um defesa-central muito alto e rápido. O FC Porto sempre formou centrais de referência, desde Fernando Couto, Jorge Costa e Ricardo Carvalho, e daqui a uns anos Bura tem capacidade para se afirmar na equipa principal, com a qual já treinou, de resto. Tem bom jogo aéreo e uma boa capacidade de antecipação. Ficou a ideia de ter potencial, basta trabalhá-lo.

Candeias


Extremo-direito com técnica. Ontem carrilou muito jogo pelo seu flanco, sendo o principal responsável por uma primeira parte de sentido único. Puxou o jogo à linha e efectuou muitos cruzamentos, tanto apostando na rapidez de execução como em dribles. Demonstrou também ser um extremo rápido, não descurando o sentido de baliza, já que apareceu na área muitas vezes.

Nikola já marca


Alto, louro, espadaúdo e goleador. Indicado por Drulovic, Nikola estreou-se ontem como titular no centro do ataque e marcou o terceiro golo do FC Porto. Para começar, não está mal...

in o JOGO

Publicado em Porto em formação