segunda-feira, março 26, 2007

Publicado na BOLA. !!!



POLÍTICA DOS DRAGõES NO FUTEBOL JUVENIL ESTÁ BEM DEFINIDA
Preferência pela qualidade
Por NUNO VIEIRA

e RUI AMORIM

A equipa B dos dragões deu as últimas corridas no início do Verão do ano passado, mas o ponto final nesse projecto não significou que o FC Porto tenha deixado de apostar nas suas promessas. O que se deu foi uma mudança na política de gestão dos jovens activos. Luís Castro foi contratado para supervisionar todo o futebol juvenil e esta semana foi dada mais uma prova de que o sector continua bem vivo. A promoção de Castro ao plantel principal, depois de Hugo Ventura ter recebido a mesma notícia, só pode deixar os dragões com boas esperanças no futuro.

A aposta, agora, é na qualidade, depois de vários anos a explorar quantitativamente o viveiro de talentos que evoluía nas Antas e, mais tarde, no Centro de Treinos do Olival. Pelos relvados dos dragões passaram inúmeros futebolistas, que foram sendo observados pelos diferentes técnicos do futebol juvenil. Após a triagem, eram seleccionados os jogadores a quem eram reconhecidas capacidades para integrar o plantel. Por isso, ficavam vinculados ao clube, esperando oportunidade para mostrar o seu valor na formação principal.

Mudança de rumo

Nos últimos anos, a sempre delicada transição dos atletas que passavam de juniores a seniores era assegurada pela equipa B, onde rodavam potenciais reforços para a equipa principal. Anderson também andou por lá, mas a cumprir a fase de adaptação a Portugal e ao clube que acaba de o contratar aos brasileiros do Grémio de Porto Alegre.

Com o final da época, foi determinada a mudança de política no futebol juvenil. Aloísio Alves saiu do clube com o fecho de portas da equipa B, Ilídio Vale passou de coordenador do futebol juvenil para o cargo de treinador de juniores e para a chefia de todo o departamento foi contratado Luís Castro, um técnico a quem são atribuídas capacidades para desenvolver um trabalho para dar bons frutos.

O novo director técnico definiu prioridades e apresentou um projecto que encaixou como uma luva nos planos da SAD. Muitos juniores que terminaram contrato deixaram o FC Porto, mas os alvos de maior interesse ficaram ligados aos dragões, sendo contratados outros valores emergentes em clubes vizinhos e/ou concorrentes.

Hugo Ventura

foi o primeiro

A aposta tem sido bem sucedida e do acompanhamento atento dos responsáveis do futebol dos dragões já saíram conclusões. Hugo Ventura, guarda-redes internacional, foi chamado a alguns treinos da equipa principal e seria, no início deste ano, integrado no plantel, passando a treinar-se com os craques à segunda, terça e quarta-feira, deixando a quinta e a sexta-feira para a preparação junto com os juniores, por quem continua a jogar.

A vez de Castro

Esta semana, o FC Porto deu a conhecer outra novidade. André Castro, um médio também internacional por Portugal, viu ser-lhe reconhecida qualidade para passar a integrar o quadro principal de futebolistas dos dragões, colocando-se imediatamente ao dispor de Jesualdo Ferreira.

há mais nomes na relação de jovens craques da casa que prometem vir a dar que falar...
Dragões em lista de espera
Ventura, Castro... e não se esgota aqui a relação de dragõezinhos que se preparam para a emancipação. Na escola do FC Porto há outros nomes em lista de espera para dar o salto e agarrar a oportunidade.

Partindo da defesa para o ataque, os responsáveis azuis e brancos seguem com atenção a evolução de Bura, um central senhor de um remate potente e com bom jogo aéreo. Hugo Monteiro é um lateral-esquerdo de grande entrega e que disfarça com facilidade o facto de não ser canhoto, bem sucedido tanto nas funções defensivas como ofensivas.

No meio-campo há Fabinho, o cérebro da equipa e o elemento incumbido de vigiar a zona à frente da defesa: destaca-se nele o grande espírito de liderança e a qualidade de passe. Rui Pedro também pertence ao sector, em missão estritamente atacante, embora também se possa considerá-lo homem de área, ideia reforçada pelos atributos no capítulo da finalização que lhe concedem o estatuto de maior goleador da formação júnior.

Ukra (André Monteiro) é um perigo anunciado nas alas, um extremo-direito que alia a velocidade à técnica e que não deixa de tirar as medidas à baliza dos adversários. Por ali também joga Monteiro, atleta veloz e habilidoso, polivalente, bem capaz de garantir o corredor direito na sua totalidade. No flanco oposto as atenções centram-se em Candeias, avançado possante, rapidíssimo e com talento que se estende às artes do remate.

Estes futuros craques, entre outros que continuam a ser moldados na oficina portista, são variadíssimas vezes tema de conversa nas reuniões que juntam à mesa os homens que coordenam a formação do clube e o corpo técnico da equipa principal. O futuro encarregar-se-á de denunciar eventuais apostas na prata da casa e provará o sucesso ou insucesso das mesmas: para já, há garantia... e promessa de qualidade.



castro goza a alegria da promoção ao plantel principal dos campeões nacionais
«É mais do que um sonho!»
Por rui amorim

e nuno vieira

cASTRO agradece mas não quer mais presentes. O jogador só apagará 19 velas no início de Abril e a melhor das prendas chegou por antecipação: a partir de agora, o jovem dragão, ainda com idade de júnior, é mais uma opção para Jesualdo Ferreira no plantel principal dos azuis e brancos.

A felicidade em pessoa. Castro personifica o ideal humano desde que recebeu a notícia da sua promoção ao plantel principal do FC Porto. «Fiquei muito feliz. Foi o meu treinador nos juniores, o mister Ilídio Vale, quem me disse e não escondo que fiquei muito contente», revela o seu estado de alma no momento em que lhe chegou ao ouvido a novidade.

Afinal, os sonhos concretizam-se. «Sempre tentei trabalhar para chegar longe e é isso que vou continuar a fazer, mas, de facto, esta chamada à equipa principal acabou por ser uma grande surpresa», reconhece, num registo sincero, humilde e sem falsas modéstias. «É mais do que um sonho! Sempre esperei por um momento assim, mas não sabia quando seria. Sou portista desde que nasci, sócio desde os três anos e sempre quis viver uma situação destas.»

«Jogo para

a equipa»

Jesualdo Ferreira tem mais «um médio de transições» à sua disposição. É o próprio Castro quem traça o seu perfil dentro das quatro linhas: «Gosto de aparecer na frente a rematar, mas ajudo bastante na defesa. Jogo essencialmente para a equipa.»

Características bastante apreciadas pelo treinador dos campeões nacionais, que não deixou de dedicar algumas palavras ao seu novo jogador. «Disse-me para aproveitar, para aprender coisas boas e desejou-me boa sorte, para além de me ter aconselhado a continuar sempre com a mesma humildade», desvenda, com orgulho, ao site do clube portista.

A voz do professor será, a partir de agora, a voz de comando que o atleta escutará no dia-a-dia. Convivência que também se estenderá aos craques que aprendeu a admirar e, com os quais, já se havia treinado algumas vezes na presente temporada: «Fui muito bem recebido. Esta equipa tem um espírito muito bom e o grupo é excelente.» Agora... «O meu objectivo é conseguir ser alguém importante no FC Porto como foi, por exemplo, o mister João Pinto e é o Vítor Baía. Gostava de fazer a minha vida neste clube, o clube do meu coração.»

do oito... ao 35! Oito nas costas, desde sempre. Quem acompanhou o crescimento de Castro na formação do FC Porto facilmente se apercebeu desta preferência do jovem dragão por um número tão característico dos médios que desempenham o papel que habitualmente lhe é destinado. Uma relação antiga que se vê agora interrompida com a ascensão do atleta ao plantel principal: para além da questão legislativa que impede a alteração numérica a meio de uma época, sempre é... Lucho Gonzalez quem carrega aquele algarismo nas costas. A alternativa passou, assim, pelo 35, cuja tradição na casa se resume praticamente à escolha de Marek Cech quando, a meio da época passada, chegou à Invicta.
extremo foi o último exemplo de promoção
Vieirinha fez-se homem
Cinco jogadores do actual plantel do FC Porto cresceram nas camadas jovens do FC Porto e garantiram um lugar na equipa principal dos dragões.

Na lista figuram nomes de peso, o mais importante dos quais o veterano Vítor Baía, que cumpriu quase toda a sua formação nas Antas. Bruno Alves e Hélder Postiga também chegaram cedo ao FC Porto, tal como Ricardo Costa, contratado ao Boavista para reforçar a equipa de juniores.

O último exemplo de uma aposta de sucesso num jogador do futebol juvenil é Vieirinha. O avançado nasceu em Guimarães e deu os primeiros pontapés no Vitória, mas foi no FC Porto que teve maior projecção.

O clube sempre apostou nas suas capacidades, promoveu o seu crescimento na equipa B e aconselhou a viagem até ao Marco para mais uma etapa de rodagem antes da entrada no plantel principal.

A aventura na Liga de Honra duraria pouco. Vieirinha voltou a integrar a equipa B a meio da época passada e este ano mereceu a chamada de Co Adriaanse para o estágio de pré-época. As suas qualidades foram desde logo destacadas pelo holandês e ainda hoje, apesar de estar há várias semanas afastado da equipa, é visto como uma aposta a ter em conta por Jesualdo Ferreira, que não o deixou sair em Janeiro. Os jovens dragões podem alimentar esperanças olhando para este exemplo.

in a BOLA

Publicado em Porto em formação