Peseiro e a aposta em jovens jogadores
Todos os clubes dizem apostar em jovens jogadores, mas o que o faz de forma mais coerente e com notável sucesso financeiro é o Sporting. No FC Porto, ainda não se conseguiu conciliar o sucesso desportivo com a aposta continuada em jovens jogadores. Há portanto algo a aprender com o Sporting a este respeito, pelo que aqui fica uma desasombrada resposta de José Peseiro sobre este assunto, numa longa entrevista no jornal O Jogo.
O JOGO | Em termos de futebol profissional, como se traduz a aposta na formação?
JOSÉ PESEIRO | Um dos objectivos do Sporting é que 60 a 70 por cento do seu plantel seja composto por jogadores formados no clube. [Nota do editor: Ou seja 14 a 17 em 25. A não ser que seja possivel evitar a venda dos melhores jogadores, este objectivo parece mera demagogia.] Isso determina planos e estratégias no âmbito dos excelentes recursos materiais e humanos da Academia, para melhor formar os atletas. No plantel principal, existe a preocupação de dar espaço aos jovens emergentes e esperar pelo momento certo para proporcionar oportunidades. O lançamento de um jovem talento é sempre bem acolhido pela família sportinguista, mas, se errarmos o momento da projecção, também se pode acabar com a carreira de um jogador neste clube. Temos responsabilidades e, em termos competitivos, não podemos hipotecar nem a história nem os objectivos do Sporting. Como tal, ninguém pense que, na temporada que aí vem, o Sporting vai ter onze jogadores da formação a jogar. Isso não era bom para equipa nem para os próprios jovens. O Sporting tem de ter uma equipa competitiva, para que os mais novos, ao entrarem no onze, se sintam protegidos e possam exibir todas as suas qualidades. Se obrigarmos os mais novos a desequilibrarem o processo, estamos a dar-lhes uma responsabilidade excessiva, e que pode contribuir para o seu insucesso.
P | Está a testar vários jogadores da formação: já sabe quem fica no plantel?
R | Além dos que estão a trabalhar connosco, há mais jovens que têm qualidade para subir ao plantel principal, e só não estão nele porque o espaço está ocupado por outros. O processo de análise é muito vasto, porque nenhum jogador vai ser avaliado em duas semanas e meia. Tem de ser humilde, determinado e identificar-se com o nosso jogo, e depois logo tiraremos as nossas conclusões.